sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

En La Cama


Bruno e Daniela são dois desconhecidos que estão em uma situação que exige toda intimidade. Este é o ponto de partida para o desdobramento de uma conversa cheia de hiatos entre eles, que após saírem juntos de uma festa vão para um quarto de Motel. Lá transam, dividem as angústias, hesitam sobre revelações e o que esperar um do outro. Na cama é um filme sobre o amor diferente daquele contado nos contos de fadas, onde os dois personagens que estão presentes na trama representam os sujeitos das novas práticas amoras da contemporaneidade e não serão “felizes para sempre” juntos.

Entender o amor como um complexo de sentimentos e emoções necessários à vida cotidiana e que a relação sexual entre os seres humanos dispõe de mecanismos próprios que exprimem uma defesa psíquica contra a angústia produzida pelo real é necessário para compreender os supostos motivos que levaram Daniela, por exemplo, à traição do seu noivo, nas vésperas do casamento, com o desconhecido Bruno. E também para que ele, por sua vez, deixasse de dar suporte à sua ex-namorada para viver uma noite efêmera com a Daniela. Ações como a dos personagens são cada vez mais comuns na contemporaneidade e que ainda são muito criticada e marginalizada pelas leis culturais e éticas da sociedade ocidental. Ora, se pensarmos a concepção do amor pelo romantismo amoroso como uma especificidade de um determinado momento histórico e cultural da civilidade ocidental, onde a instituições sociais: família nuclear e patriarcal; religião; divisão dos humanos entre heterossexuais e homossexuais, estão vivendo, na pós-moderinidade a sua decadência, é interessante notar que as novas práticas amorosas também exprimem outras formas de conceber esse sentimento que é humano e consequentemente está passível de mudança.

Sendo assim, não é possível falar de novas práticas amorosas sem falar dos possíveis encontros, e para isso é necessário perceber a importância da rua, do espaço público nessa interação. Bruno e Daniela se encontram na noite em uma “boite” para em seguida partirem para o motel, ou seja, é somente na rua – lugar onde muitos consideram como violenta, cheia de perdição e de mistérios – que é possível estabelecer os encontros casuais de dois desconhecidos para que assim possam alimentar as suas outras formas de amar e de desejar o outro.

Na cama além de ser é um filme, é um exemplo de que o amor pode ser contado e concebido de diversas maneiras. A concepção de amor romântico que conhecemos é uma entre o universo de tantas outras, a única diferença é que uma tem “passe-livre” para a roda gigante da vida, enquanto as outras estão sujeitas à marginalidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

O AMOR é um sentimento grandioso e muito lindo. Traz paz a alma ao espirito, se dá bem com todos. E o sexo? O sexo, é um desejo de posse e de satisfação que passa rápido, e às vezes pode trazer amargura, tristeza carregada de dor e ressentimento, sem falar nas DST. Então... Nem só de sexo vivem os homens/mulheres.